domingo, junho 01, 2003

A estratégia do tiozinho com boné do Rush

Aos trancos e barrancos até que foi boa minha estréia como produtora cultural de outros eventos a não ser shows e festivais. O Alex Antunes foi sensacional e a leitura com a Da-Babalon Band, ótima, apesar de eu não ter conseguido um P.A. pra sampler e voz e a gente ter ligado tudo num aparelho de som surrupiado em cima da hora da casa de uns amigos, que já haviam emprestado o ampli. Quase no final do pocket-show, apareceu na livraria um tiozinho bebaço que fez uma puta "intervenção" na leitura do Alex e mandou ver nuns discursos pró e anti-Lula, umas histórias sem pé nem cabeça e umas frases que mereciam ter sido gravadas para futuros samples como "tudo que não presta é lixo". Tavam achando que eu contratei o tio por fora, haha.

Mas os recursos improvisados e o fato de eu não ter ganhado um tostão pra fazer isso nem me deixaram aborrecida, apesar de eu ter contado as moedinhas pra comer uma esfiha depois do show. É foda fazer patrulha tipo a de algumas bandas rardicó mas o que dá um puta desgosto é o pretenso povo "intelectual" dessa joça de cidade não prestigiar um evento desses. Sim, "leitura com acompanhamento eletrônico" é cabecice. Sim, o cara não é tão conhecido fora do circuito música-cinema... Mas será que não rola um pingo de curiosidade nessa cambada de caiçara e o povo nerd que prefere ficar em casa na internet? Nem pra ver se ia rolar uma boca livre? Nem pra ver o figura que apareceu em entrevista ao vivo no maior telejornal local (até isso eu consegui, além da divulgação na imprensa, faculdades, panfletos e internet)? E a renca de estudantes de Jornalismo que é metida a fazer "Jornalismo Cultural" mas quando aparece um cara desses pra trocar experiências, a raça nem dá as caras? (Em compensação, palestra com Carlos Dornelles e Caco Barcellos lota. Não tirando o mérito deles mas no final das contas, neguinho gosta mesmo é de "gente da Globo").

Sem falar em povo do "rock" que quebra banheiro ou rejeita um flyer na sua cara e manda um "ah, festa indie não, eu curto é pânqui", aí você fala "mas sempre rola Black Flag, MC5" e é obrigada a ouvir "ah, vou procurar na internet pra ver se essas bandas existem mesmo". Tem horas que tudo cansa e dá vontade de jogar tudo pro alto e mandar esse povo daqui se fuder. Mas eu sou idealista pra caralho, mesmo que eu ganhe só pra não morrer de fome vou continuar insistindo em fazer a Popscene, trazer um Alex Antunes, um Wander Wildner, um Butchers ou um Pullovers pra uma dúzia e tomando prejuízo, porque dessa uma dúzia ainda pode aparecer alguém que ache que um show que você organizou mudou a vida delas e a incentivou a montar uma banda e isso, mesmo que pessoas normais não entendam, vale mais do que qualquer merda que o dinheiro possa comprar. E ainda tenho esperanças que pelo menos a próxima geração desta cidade tire esse ranço de cidade portuária, decadente e tosca!

Um puta obrigado ao Thiago, que teve uma paciência de Jó ao trabalhar de motorista para mim hoje, ao Hector (a única pessoa que me entende neste mundo), ao Rafael Guerra, ao Marcelo Damaso (que ganhou a promoção "um autor na sua casa", hehe), ao Maykon, do site Revista Literária, ao Alex, Wanderson e Wendel (prometo que na próxima pago pelo menos uma coxinha, haha) e a todos que apareceram nem que fosse só pra dar um alô.

Pronto, falei, voltemos à programação normal...

(Obs.: Isso não é recado pessoal e sei que teve gente que não foi por causa do trabalho, faculdade, outros compromissos, por falta de grana pra busão ou simplesmente por preguiça, afinal todos nós temos direito. Tô falando da situação geral dessa cidade-dormitório).

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